segunda-feira, outubro 03, 2005

O problema do ressentimento

Nietzsche foi o primeiro e melhor intérprete do ressentimento. Esta “força reativa”, esta fraqueza de corpo e alma, esta incapacidade para a ação efetiva, plena. O ressentimento é envenenado pelo desejo de vingança – muitas vezes contido e silenciado. A moral escrava é habitada por este sentimento reativo. A alma escrava é incapaz de ação, sua força está corrompida pela reatividade. Pouco age em nome próprio, quando o faz é por reação causada ex soi même. A alma nobre, ao contrário, é dotada de uma força de ação auto constituída. A moral aristocrática é essencialmente ativa, doadora.

A Amizade e Aristóteles - 4

"Do homem bom também é verdadeiro dizer que pratica muitos atos no interesse de seus amigos e de sua pátria, e, se necessário, dá a vida por eles. Com efeito, um tal homem de bom grado renuncia à riqueza, às honras e em geral aos bens que são objetos de competição, ganhando para si a nobreza, visto que prefere um breve período de intenso prazer a uma longa temporada de plácido contentamento, doze meses de vida nobre a longos anos de existência prosaica, e uma só ação grande e nobre a muitas ações triviais." - Ética a Nicômaco

A Amizade e Aristóteles - 3

"A todas as pessoas mais velhas, igualmente, devem ser prestadas as honras que convêm à sua idade, erguendo-nos para recebê-las, procurando lugares para elas, etc.; ao passo que aos camaradas e amigos devemos dar liberdade de expressar-se e o uso de todas as coisas em comum." - Ética a Nicômaco

A Amizade e Aristóteles - 2

"As queixas e censuras surgem unicamente ou principalmente nas amizades que se baseiam na utilidade, e isso está conforme ao que seria de esperar. Com efeito, os que são amigos com base na virtude anseiam por fazer bem um ao outro (pois que isso é uma marca de virtude e de amizade), e entre homens que emulam entre si nessas coisas não pode haver queixas nem disputas. Ninguém é ofendido por um homem que o ama e lhe faz bem - e, se é uma pessoa de nobres sentimentos, vinga-se fazendo bem ao outro. E o homem que supera o outro nos serviços prestados não se queixará do seu amigo, visto que obtém aquilo que tinha em vista: com efeito, cada um deles deseja o que é bom." - Ética a Nicômaco

A Amizade e Aristóteles - 1

"Não se pode ser amigo de muitas pessoas no sentido de ter com elas uma amizade perfeita, assim como não se pode amar muitas pessoas ao mesmo tempo (pois o amor é, de certo modo, um excesso de sentimento e está na sua natureza dirigir-se a uma pessoa só); (...) com vistas na utilidade ou no prazer, é possível que muitas pessoas agradem a uma só, pois muitas pessoas são úteis ou agradáveis, e tais serviços não exigem muito tempo." - Ética a Nicômaco

Por uma imprensa ecosófica

“Não há fatos. Pelo menos metade do caso é interpretação.” - Dostoiéviski

Seria preciso aqui retomar uma lição de base? Quem não reconhece a importância, o poder da comunicação no mundo humano? Que a imprensa desde o princípio esteve associada à instituição do poder e seja, ela mesma, o maior veículo contemporâneo do poder, isto também todos parecem reconhecer.

Existe, pois, todos reconhecem, uma política da imprensa, bem como uma imprensa política, já que a comunicação é o ato primeiro da sociabilidade humano civilizado. Mas existe também, o que muitos nem sempre conseguem reconhecer, uma ética da imprensa, bem como uma imprensa ética.

Este talvez seja o problema da diplomação do trabalho jornalístico. Na carência de uma formação de nível superior, muitas questões conceituais da maior importância no trabalho jornalístico fica à mercê de um empirismo, de um intuicionismo nem sempre desejável nem tampouco cientificamente confiável.

Não à toa que grande expressões da mundo da cultura, tais como Nietzsche, Wilde e Balzac, tinham grande críticas ao trabalho da imprensa. Balzac mesmo no prefácio de seu romance Ilusões Perdidas, pede uma intervenção governamental na imprensa de sua época, tal era a manipulação a que os artistas de então eram vítimas.

A comunicação é o espaço público da inteligência coletiva, é o lugar primeiro da “noosfera” humana, é a “trofolaxe humana”. Ela é, portanto, imediatamente política. Toda imprensa é, enfim, política. Isto é uma velha coisa “humana, demasiadamente humana”, nada há de espantoso. Mas que uma certa imprensa queira ser ética, que se pense em uma ética da imprensa, isto espanta por si mesmo. Como pode uma forma de comunicação eminentemente política querer constituir uma ética de si, uma prática de si ética. Impõem-se aqui uma dobra de si, uma nova subjetividade, auto-instituída, um devir sujeito imprevisível...

A ética é domínio de si, autodomínio de si diante das poderosas forças dos instintos, de um lado, e da moral, dos costumes, da sociedade de outro. Em termos psicanalíticos, a Ética é o lugar do Ego na estrutura psíquica humana, mediador heróico das lutas entre os impulsos delirantes do Id e as repressões do Superego. Em termos kantianos, é domínio supra-sensível da liberdade da razão sobre as necessidades materiais de um lado e do constrangimento exterior de outro. É, rigorosamente, a autonomia individual.

A Ética envolve então uma discussão filosófica dos valores, da escolha, da auto-deliberação.

Um dia, espera-se, existirá uma imprensa ecosófica.