domingo, julho 16, 2006

As Três Ecologias

O livro As Três Ecologias de Félix Guattari visa promover a construção de uma visão de mundo fundamentada, ou melhor, transversalizada em novos paradigmas éticos, políticos e estéticos de caráter ecológicos, constituindo-se assim em uma nova disciplina que o autor chama a Ecosofia.
Trata-se, aí, de um esforço para compreender a dinâmica social em escala (macro) mundial, econômica e cultural e (micro) pessoal e intelectual, a partir das "três ecologias", a saber, a ecologia mental, a ecologia social e a ecologia ambiental, pressupondo uma interdependência ontológica entre estas três dimensões.
Considera-se a necessidade de transformação social - de modo geral do sentido da própria existência humana - no contexto destas três ecologias. Esta escola, a Ecosofia, deveria entrar em confronto com a visão cienticista do mundo - aquela que acredita no valor absoluto da verdade e que considera a ciência como que além do bem e do mal, capaz de revelar a verdade última -, na medida em que envolve paradigmas éticos, estéticos e políticos.
As três ecologias deveriam, assim, articular, na forma da heterogênese, um projeto humano, reorientando o sentido da produção de bens materiais e imateriais e constituindo valores ecosóficos em oposição à hegemonia de sentido e de valores propagados pelas sociedades capitalistas.
Deste modo, neste livro, de uma beleza simples e profunda, Guattari se situa na corrente espiritual que coloca a ecologia como uma das mais importantes questões de nosso tempo. A ecologia tornou-se uma questão de uma grandeza tal que, de agora em diante, ela deverá subordinar (logicamente) o conjunto das ciências ao seu primado elementar. De tal modo que, mesmo a maior de todas as ciências, a filosofia, deveria ser também uma "Ecosofia"?

O Super-homem

O homem não é um fim em si mesmo! Ele deve ser uma ponte para o superhomem. Este era um grande ensinamento de Zarathustra. Ser ponte, ser meio, para algo que virá, ser devir de um homem sempre superior a si mesmo, tal era em grande parte, a filosofia de Nietzsche do Übermensch que muitos ainda hoje fingem ou não querem reconhecer.